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Preservação do patrimônio cultural baiano é exemplo para Nigéria

31 julho, 2014

Desde a última segunda-feira (28/7), acontece em Salvador o Seminário Internacional para Preservação do Patrimônio Cultural Compartilhado entre o Brasil e a Nigéria. A abertura foi no Fórum Ruy Barbosa, no bairro de Nazaré, com a participação do rei do Império Oyo da Nigéria, Lamidi Olayiwola Adeyemi III, da ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Brasil, Luiza Bairros, do governador Jaques Wagner, e de representantes de cinco terreiros de Salvador.
O rei do território nigeriano, que tem o título de Alaafin Oyo, veio conhecer as ações de preservação de patrimônios culturais na Bahia. Ele visitou os terreiros Ilê Àse Iyá Nassó Okà (Casa Branca do Engenho Velho), Ilê Àse Opo Àfonjá (Ilê Axé Opô Afonjá), Ilê Iyá Omi Àse Iyamassé (Terreiro do Gantois), Ilê Maroialaji (Terreiro Alaketu) e Ilê Osùmàré Arákà Àse Ogodó (Casa de Oxumarê), que deram origem ao candomblé nagô na Bahia e são tombados como patrimônio nacional do Brasil.
Com a visita, o Alaafin espera sensibilizar o governo nigeriano para a conservação de palácios, templos, mercados e um conjunto de edificações urbanas importantes em Oyo. “Eu trago a boa fé dos nossos ancestrais. Agradeço aos brasileiros por terem preservado a identidade iorubá. Esse evento demonstra a importância desse legado preservado e o compromisso do governo brasileiro com a ancestralidade africana”.
“É motivo de orgulho receber Olayiwola e toda a sua comitiva da Nigéria, que é o país mais populoso da África e berço de parte das religiões africanas”, afirmou o governador. Ele enfatizou, na cerimônia de abertura do encontro, o “orgulho de viver este momento, um passo significativo que será lembrado como um marco da nossa luta pela diversidade e pela tolerância religiosa”.
A ministra Luiza Bairros destacou a presença dos governos federal e estadual no evento como forma de “reconhecer a necessidade de apoiar todo o trabalho conjunto que pode acontecer entre a tradição iorubá na África e no Brasil”. O evento também teve a presença da ministra interina da Cultura, Ana Cristina Wanzeler, do secretário da Promoção da Igualdade Racial, Raimundo Nascimento, de representantes da Secretaria de Cultura (Secult) e da Prefeitura de Salvador, além da ialorixá do Ilê Axé Opó Afonjá, Mãe Stella de Oxóssi; da ialorixá do Gantois, Mãe Carmen de Oxalá; do babalorixá da Casa de Oxumarê, Sivanilton Encarnação da Mata; da ebomi do Terreiro Casa Branca, Nice de Oyá; e da Mãe Jojó de Alaketu, Jocelina Barbosa Bispo.
Durante o evento, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), vinculado à Secretaria de Cultura (Secult), apresentou uma proposta, ainda inédita no Brasil, para proteger os aspectos simbólicos e culturais dos terreiros de candomblé no estado, por meio de um ‘registro especial’. Segundo a diretora geral do Ipac, Elisabete Gándara, o registro permite legalmente que se elabore um plano de salvaguarda para o bem cultural. A nova proposta foi enviada para apreciação no Conselho Estadual de Cultura (CEC).
Revitalização
Em maio deste ano, o governador Jaques Wagner e representantes da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA) e da Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu (Acbantu) assinaram ordem de serviço para a reforma e revitalização de terreiros e templos de matrizes africanas em Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari, Cachoeira e Maragogipe. Na ocasião, também foi autorizado o início do processo de licitação para obras de instalação de equipamentos no Ilê Axè Opó Afonjá. O conjunto de intervenções totaliza R$ 4 milhões em investimentos.
O Seminário Internacional para Preservação do Patrimônio Cultural Compartilhado entre o Brasil e a Nigéria se encerra nesta quinta-feira (31), com uma visita ao Terreiro do Gantois.
 
Colaborou Ascom/ Sepromi

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