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“Naquelas manhãs de segunda”: historiador Ricardo Moreno lança livro sobre a trajetória de Haroldo Lima

28 novembro, 2023

O professor, historiador e militante do PCdoB-BA, Ricardo Moreno lançou, na noite da última segunda-feira (27), o livro “Naquelas Manhãs de Segunda”. A obra, segundo o escritor, narra a trajetória política do líder comunista Haroldo Lima, e suas histórias na Juventude Universitária Católica (JUC), sua participação na fundação da Organização Ação Popular (AP), e do Partido Comunista do Brasil. O Livro é publicado pela editora Anita Garibaldi.

O evento, que aconteceu no Centro Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos da Universidade do Estado da Bahia (CEPAIA/uneb), contou com a participação do presidente do PCdoB-BA, Geraldo Galindo, e da viúva de Haroldo Lima, Solange Silvany. Na ocasião, Moreno destacou o caráter colaborativo da obra e a importância das pessoas que passaram pela história de Haroldo.

“Recebemos ajuda de muita gente. De forma que acho esse um trabalho coletivo. Assim que Haroldo nos deixou, falei dessa pesquisa, e aí muita gente começou a me procurar”, disse. “É uma História social. É um livro sobre muitas outras personagens. E tenho muito cuidado em apresentar essa série de pessoas, quem é, de onde veio, e situando o leitor sobre um encontro de gerações que formou o PCdoB na Bahia. Portanto são muitos personagens. Alguns deles estão aqui. Muita gente vai se ler e, mesmo que não se leia diretamente, vai se ver nas histórias”, continua o autor.

O presidente do PCdoB baiano, Geraldo Galindo, também aproveitou a ocasião para agradecer o “trabalho duro” realizado por Ricardo Moreno e lembrou de algumas passagens com Haroldo, no que o fez se considerar uma pessoa ‘privilegiada’. “Eu posso dizer que sou privilegiado porque passei boa parte da minha vida em convivência com dois grandes nomes do PCdoB, que são Péricles e Haroldo Lima. Se o PCdoB é o que é hoje na Bahia, tem muito a ver com o trabalho, abnegação desses dois companheiros”, afirmou Galindo.

“Para mim, [Haroldo] é uma figura exemplar. No período de dificuldade política que atravessamos no Brasil, encontrava, naquele homem, entusiasmo, dedicação, fé de que é possível fazer a transformação da sociedade. E ele fazia como ninguém. Haroldo tinha capacidade extraordinária de mostrar que era possível”, conclui o líder da sigla comunista na Bahia.

A viúva de Haroldo Lima, Solange Silvany, também agradeceu ao autor por escrever a trajetória de Haroldo, “que era o que ele desejava”, disse, destacando o quanto o líder comunista era estudioso e um grande líder: “Haroldo tinha uma força interior que arrastava, de fato as massas”. Silvany também aproveitou a ocasião para relembrar uma das histórias vividas com Haroldo, dentre elas, uma que chamou sua atenção: “Verdadeiras histórias que Ricardo vai contar, que parecem histórias de filme. Como quando militares invadiram nossas casas, com metralhadoras apontadas para minhas filhas”, lembrou.

Sobre o livro

As muitas histórias contadas na obra começam, inclusive, no título. “Naquelas manhãs de Segunda”, como conta Moreno, foi escrito a partir dos encontros marcados com Haroldo Lima especialmente nesse dia e horário, semanalmente. “A gente tinha um acordo, eu trancava a minha agenda, ele trancava a agenda dele, a gente não marcava nada na segunda-feira de manhã e a gente batia papo. A gente definia um tema e a gente conversava. E passava a manhã de segunda todinha ali, conversando”, conta, até que uma dessas manhãs a conversa precisou ser desmarcada. Foi quando Haroldo precisou cuidar da saúde e, momentos depois, faleceu.

Sobre o autor

Ricardo Moreno é doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Militante do PCdoB há 35 anos, duas décadas desse tempo dedicou à Comissão de Formação do Partido, apoiando a formação intelectual política de cidadãos, auxiliando-os a entender o processo político de forma mais ampla, atrelado também às ações de cada ser social.

Com Naquelas Manhãs de Segunda, o autor inaugura um novo projeto de pesquisa e registro sobre os comunistas baianos. Mas o escritor já é autor também das obras “Açambarcadores e Famélicos – Fome, carestia e conflitos em Salvador (1858 a 1878)”, e “Em Escravos, Quilombolas ou meeiros? Escravidão E Cultura Política No Médio São Francisco”.

Moreno ainda assina participação em quatro outras obras: “Marx, intérprete da contemporaneidade”; “Capítulos de História da Bahia – Formação Econômica”; “Friendrich Engels e a Ciência Contemporânea”; e Histórias e espaços portuários: Salvador e outros portos”.

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