Ricardo Moreno, professor, historiador e militante do PCdoB-BA lança, na próxima terça-feira (14), durante a Conferência Estadual do partido, o livro “Naquelas Manhãs de Segunda”. A obra, segundo o escritor, narra a trajetória política do líder comunista Haroldo Lima, e suas histórias na Juventude Universitária Católica (JUC), sua participação na fundação da Organização Ação Popular (AP), e do Partido Comunista do Brasil.
“É a história do grupo social ao qual o Haroldo está inserido. Ou seja, através do Haroldo Lima, eu conto outras histórias. Então, ao perseguir a trajetória dele, eu vou abrindo janelas para explicar outros fenômenos, outras histórias e apresentar outras personagens. Evidentemente que aí eu traço a trajetória de Haroldo desde a sua juventude, mas eu faço isso para poder explicar o que foi a JUC, a AP, e o que foi o processo da passagem da AP para o PCdoB, a ditadura militar, o processo da prisão, tortura, a resistência, luta política contra o regime fascista militar no Brasil”, conta Moreno. “Já dei muitos spoilers, são muitas histórias contadas ao longo do livro”, brinca.
Questionado sobre o que o motivou a escrever essas histórias, o autor que era um desejo antigo escrever algo tendo como centro Haroldo Lima, e realizar um projeto que fosse “mais próximo da minha militância”. “Essa é a primeira obra, a obra que inicia essa nova fase para mim, e Haroldo sempre foi uma figura que me fascinou. Quando nós iniciamos o debate sobre desenvolvermos linhas de trabalho sobre a memória dos comunistas baianos, isso tudo me estimulou e eu assino, claro, mas a autoria desse trabalho pode ser dividida por muita gente, é um trabalho do nosso partido, coletivo, o qual a Comissão de Formação e seus muitos membros tem participação ativa no apoio e na própria construção. Muitos camaradas também vão se ver ali”, conta.
As muitas histórias contadas na obra começam, inclusive, no título. “Naquelas manhãs de Segunda”, como conta Moreno, foi escrito a partir dos encontros marcados com Haroldo Lima especialmente nesse dia e horário, semanalmente. “A gente tinha um acordo, eu trancava a minha agenda, ele trancava a agenda dele, a gente não marcava nada na segunda-feira de manhã e a gente batia papo. A gente definia um tema e a gente conversava. E passava a manhã de segunda todinha ali, conversando”, conta, até que uma dessas manhãs a conversa precisou ser desmarcada. Foi quando Haroldo precisou cuidar da saúde e, momentos depois, faleceu.
O livro “Naquelas Manhãs de Segunda” será publicado pela editora Anitta Garibaldi, e ficará disponível, inicialmente, durante a Conferência Estadual do PCdoB-BA. “A expectativa é muito grande para o lançamento. Para mim é uma novidade fazer um lançamento na Conferência do Partido. O primeiro trabalho que inaugura essa fase que eu quero provavelmente seguir daqui por diante, de contar a história dos omunistas na Bahia, com o apoio que recebo do Partido, principalmente da Comissão de Formação”, conclui.
Sobre o autor
Ricardo Moreno é doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Militante do PCdoB há 35 anos, duas décadas desse tempo dedicou à Comissão de Formação do Partido, apoiando a formação intelectual política de cidadãos, auxiliando-os a entender o processo político de forma mais ampla, atrelado também às ações de cada ser social.
Com Naquelas Manhãs de Segunda, o autor inaugura um novo projeto de pesquisa e registro sobre os comunistas baianos. Mas o escritor já é autor também das obras “Açambarcadores e Famélicos – Fome, carestia e conflitos em Salvador (1858 a 1878)”, e “Em Escravos, Quilombolas ou meeiros? Escravidão E Cultura Política No Médio São Francisco”.
Moreno ainda assina participação em quatro outras obras: “Marx, intérprete da contemporaneidade”; “Capítulos de História da Bahia – Formação Econômica”; “Friendrich Engels e a Ciência Contemporânea”; e Histórias e espaços portuários: Salvador e outros portos”.