Uma caravana formada por um grupo de 35 mulheres saiu de Salvador, Bahia, na manhã desta segunda-feira (14) rumo à Brasília, para participar da 7ª Marcha das Margaridas, que acontece nos dias 15 e 16 de agosto. O grupo representa organizações do movimento social, como União Brasileira de Mulheres (UBM), União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro), Fórum Nacional de Mulheres Negras, Afoxé Filhas de Gandhy. E mulheres do movimento sindical ligadas à Central de Trabalhadores do Brasil (CTB) e Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado da Bahia (FETAG-BA).
Uma das organizadoras da caravana, a militante da UBM e Secretária adjunta de mulheres do PCdoB Salvador, Natália Gonçalves, comentou a importância do evento, que considera um “acontecimento histórico”. Segundo Natália, a 7ª Marcha das Margaridas “reflete a amplitude e a diversidade do movimento de mulheres e momento político de grande expectativa nas lutas populares. O horizonte é de conquistas para aquelas que sempre estiveram em movimento”, conta.
Ainda de acordo com Natália, de toda a Bahia saíram mais de duas mil mulheres dos 27 territórios. A CTB e a UBM buscaram construir essa caravana de sindicalistas e militantes dos movimentos sociais de Salvador para participar da Marcha. “Mulheres negras e indígenas, trabalhadoras urbanas, estudantes, jovens feministas, gente de todo canto e de toda luta participa da Marcha”, contou.
Junto à Natália, também fizeram parte da organização da caravana Rosa de Souza da CTB, Jéssica Baiano da UBM e outras lideranças dos movimentos sociais. Andreia Almeida da Unegro, Cherry Almeida das Filhas de Gandhy e do sindicato dos Comerciários, Ednalva Bispo do Fórum Nacional de Mulheres Negras e da Federação dos Trabalhadores da Construção Civil.
Com participação ativa na mobilização para a Marcha, a assessora da Fetag Bahia, ex-vereadora de Itabuna, Nildma Ribeiro também fez questão de registrar a importância do momento na busca por políticas públicas para as mulheres trabalhadoras do capo, florestas e águas. “A marcha é para todas as mulheres que têm vivenciado os efeitos danosos da ausência dessas políticas no seu cotidiano. E isso significa que direitos nos foram negados, assim como foram negadas existências e possibilidade do cuidado, proteção e segurança”, diz. “A região sudoeste está totalmente organizada e nós não poderíamos ficar de fora dessa construção. Então é importante que todas nós estejamos em Brasília, marchando por mais dignidade e uma vida justa e saudável para todas nós”, conclui.
Marcha das Margaridas
Em 2023, a Marcha das Margaridas vai mais uma vez ao centro do poder para serem vistas e propor políticas públicas que melhor atendam às demandas das agricultoras e agricultores familiares de todo o país. A marcha acontece em agosto, como forma de homenagear trabalhadora rural e líder sindicalista Margarida Maria Alves, assassinada em 1983 quando lutava pelos direitos dos trabalhadores na Paraíba.
A primeira edição, em 2000, reuniu cerca de 20 mil mulheres agricultoras, quilombolas, indígenas, pescadoras e extrativistas de todo o Brasil. O movimento é marcado pelas camisetas lilás e pelos chapéus de palha decorados com margaridas usados pelas manifestantes. A marcha se repetiu nos anos de 2003, 2007, 2011, 2015 e 2019.