Para marcar os 60 anos do golpe militar de 1964 no Brasil, o Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM), junto com entidades do movimento social baiano, organizou, nesta segunda-feira (1º/04), a Marcha do Silêncio, que percorreu as ruas do Centro de Salvador em homenagem aos mortos e desaparecidos da ditadura. O ato saiu da praça da Piedade e terminou no monumento em memória das vítimas da ditadura, localizado no Campo da Pólvora.
A Marcha do Silêncio aconteceu pelo país inteiro entre domingo, 31, e o dia 1º de abril. O presidente do PCdoB-BA, Geraldo Galindo, foi uma das presenças marcantes do ato e registrou que essa data, o 1º de abril, não deve ser esquecida. “Não podemos deixar q essa data caia no esquecimento. A Marcha do Silêncio, em Salvador, é uma manifestação significativa que visa honrar e lembrar vítimas de violência e injustiça. O silêncio torna-se uma forma poderosa de expressar luto e indignação diante de acontecimentos trágicos”, afirmou.
“É uma questão de resistência. Não podemos deixar que as pessoas que se sacrificaram sejam esquecidas”, afirmou a publicitária aposentada Sônia Maria Haas, durante a Marcha. Irmã mais nova do médico João Carlos Haas, assassinado no Araguaia durante a Ditadura Militar, Sônia estava entre a centena de pessoas que marcharam em silêncio em homenagem dos desaparecidos e mortos durante a Ditadura Militar. “Levantamos bandeiras, fazemos eventos e fazemos tudo o que é possível para que essa história, ainda tão obscura, não seja esquecida”, pontuou Sônia, que não pôde ir ao enterro do irmão, pois o corpo dele nunca foi entregue à família.
Poucas são as famílias que têm a informação de onde seus entes queridos foram enterrados depois de serem assassinados durante a Ditadura, explicou a ativista pelos direitos humanos Diva Santana, diretora do grupo Tortura Nunca Mais – Bahia, que organiza a Marcha. Irmã de Dinaelza Santana Coqueiro e cunhada de Vandique Santana Coqueiro, ambos considerados desaparecidos desde a Ditadura, Diva salienta que a distinção entre mortos e desaparecidos é importante, “pois algumas famílias só sabem o dia que o filho saiu de casa”, afirma ela, que ainda explica que a marcha tem como objetivo lembrar e homenagear “aqueles e aquelas que deram suas vidas em defesa da liberdade de um país justo. Mas, sobretudo, para evitar que esse triste episódio de nossa história se repita”.
Presente no ato, a titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Ângela Guimarães, comentou a ‘grande importância’ da atividade. “É um ato de descomemoração, de um processo de ruptura democrática e de um golpe militar que deixou marcas profundas na nossa sociedade e que deixou digitais em toda a nossa história”, afirmou.
Atos como esse, explicou Ângela, educam a sociedade. “A gente está vendo aqui novas gerações de crianças e adolescentes presentes nos atos, que educam e também servem para alertar que a nossa sociedade precisa estar mobilizada de forma permanente, para que outros atos golpistas e ações que atentem contra a democracia, que é o mesmo que atentar contra os direitos do povo, não voltem a acontecer”.