A Comissão Estadual da Verdade (CEV-BA) ouve, nesta segunda-feira (25/8), mais quatro vítimas da ditadura militar: Luzia Reis Ribeiro, Araken Vaz Galvão, Carlos Valadares e Luiz Cayres Nunes. A audiência, que é aberta ao público, acontece às 9h, na sede da comissão, localizada no anexo do Palácio da Aclamação, no Centro de Salvador.
Os depoimentos colhidos vão integrar o primeiro relatório da CEV-BA, que já ouviu cerca de 40 pessoas e recebeu mais de 600 documentos relativos a violações de direitos humanos no regime militar. O relatório será entregue ao governador Jaques Wagner, em 10 de dezembro próximo, Dia Mundial dos Direitos Humanos.
Um resumo da história das quatro vítimas da ditadura que serão ouvidas:
Carlos Valadares ingressou na Faculdade de Medicina em 1963, mas antes de se formar, foi excluído por conta das atividades políticas no Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Em 1969, foi preso e torturado pelo regime militar. Em 1975, exilou-se na Suécia, e concluiu o curso de medicina e, em 1980, retornou ao Brasil, fixando residência em Salvador, onde é médico do trabalho.
Luiz Cayres Tunes, que também vai depor, presidiu o Centro Acadêmico Teixeira de Freitas da Universidade Católica de Salvador (UCSal) e foi preso, em Ibiúna (SP), no 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), no mês de outubro de 1968.
Luzia Reis Ribeiro, militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), foi integrante da guerrilha do Araguaia. Atuou no movimento estudantil em Salvador e passou a ser vigiada pela repressão por fazer parte do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Impedida de trabalhar e de comparecer à faculdade, entrou para o PCdoB, foi enviada a São Paulo e em seguida para o Araguaia, sendo presa e torturada em maio de 1972, e depois levada para Brasília, onde foi libertada no final desse ano.
Araken Vaz Galvão, atual presidente do Conselho Estadual de Cultura, foi colega de farda e companheiro de militância política de Manoel Raimundo Soares, sargento do Exército que foi morto por agentes do sistema repressivo estatal, em agosto de 1966, após cinco meses de torturas – no episódio conhecido como ‘caso das mãos amarradas’.
Ele foi preso no final de 1964 e novamente em 1967. Conseguiu fugir da Fortaleza de Santa Cruz, na Baía da Guanabara, onde estava preso em 1967, asilando-se na Embaixada do Uruguai, na capital fluminense. Nesse local, permaneceu por cerca de um ano até ser concedida a condição de asilado político, indo para Montevidéu. Viveu no exílio 11 anos e retornou ao Brasil após a redemocratização.
*Colaborou Secom/BA