Um grupo de capoeiristas baianos, representados pelo movimento Capoeira em Movimento, realizou uma berimbalada em frente ao Centro de Convenções, local onde acontece a 6ª Conferência da Diáspora Africana nas Américas, entre os dias 29 e 31 de agosto. A manifestação buscou chamar a atenção para a importância do reconhecimento da capoeira como um elemento essencial da identidade cultural do povo negro baiano e criticar a falta de ações concretas do prefeito de Salvador em relação ao tema.
Jurandir Santana, presidente do PCdoB de Salvador e representante do grupo Capoeira em Movimento, criticou a falta de reconhecimento da capoeira por parte das autoridades municipais. “Nada melhor do que, no momento em que acontece a conferência sobre as diásporas africanas aqui no Brasil, em Salvador, marcarmos presença chamando a atenção para o fato de que o maior estado negro fora da África, a maior cidade negra fora da África, ainda não reconhece a capoeira como elemento de identidade cultural do nosso povo”, declarou.
Santana também apontou para a falta de coerência do prefeito de Salvador, que vetou a lei Moa do Catendê, destinada a reconhecer a capoeira como patrimônio cultural oficial da cidade. “Ao mesmo tempo que criticamos, cobramos coerência daquele que se diz capoeirista. Esse ato tem duplo significado: chamar a atenção da sociedade para a necessidade de reconhecer efetivamente a capoeira como elemento da identidade cultural do nosso povo”, completou.
A berimbalada busca ser um símbolo de resistência e uma manifestação cultural significativa, ecoando a importância da valorização da cultura afro-brasileira em um contexto de diálogos e conexões com a África e suas diásporas.
Conferência da Diáspora Africana
A Conferência, organizada pela União Africana e pelo Governo do Togo, em parceria com o governo federal e o Governo da Bahia, tem como principal objetivo fortalecer as conexões entre a África e suas diásporas nas Américas. O evento reunirá líderes de países africanos, diplomatas e representantes de organizações internacionais para debater temas ligados à herança cultural africana e ao papel das diásporas na construção de sociedades inclusivas.
A titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Ângela Guimarães, ressaltou a importância do Brasil e, especialmente, da Bahia na preservação do legado africano. Segundo Guimarães, a Conferência é uma oportunidade de reflexão e de diálogo sobre o papel da cultura afrodescendente na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. “Sediar essa Conferência também é uma forma de reconhecimento do Brasil como o maior país da diáspora e da Bahia como o estado que mais preservou essa herança cultural”, afirmou.