O presidente Bolsonaro, que adota um discurso de combate à corrupção, principalmente neste período eleitoral, esconde diversos escândalos ocorridos durante o seu governo ou envolvendo familiares e pessoas próximas. Pelo menos 17 ações criminosas relacionadas ao nome de Bolsonaro podem ser apontadas, conforme uma lista elaborada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).
A lista dos 17 escândalos pode ser conferida abaixo:
1 – Rachadinhas
Essa é a prática criminosa que faz mais sucesso há décadas na família Bolsonaro. Tão famosa, que há suspeita de que agora pode ter chegado até o próprio Palácio do Planalto. O primeiro caso veio à tona no final de 2018, quando o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão nas contas de Fabrício Queiroz, então assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Posteriormente, investigações judiciais e da imprensa revelaram que a prática é comum não apenas a Flávio, mas a toda a família, incluindo o próprio Jair, quando era deputado federal, e agora, na presidência da República. Só as rachadinhas de Flávio desviaram mais de R$ 6 milhões.
2 – Funcionários fantasmas
Outra prática usual do clã Bolsonaro é a contratação de funcionários-fantasma. Durante seu último mandato como deputado federal, Jair Bolsonaro empregou pelo menos cinco assessoras que nunca colocaram os pés nas dependências da Câmara dos Deputados. Funcionários dos Bolsonaro receberam no mínimo R$ 295 milhões em salários.
3 – Associação com milícias
A familícia Bolsonaro nunca fez questão de esconder seu apreço por milicianos conhecidos no país. Em discursos como deputado, Bolsonaro já exaltou milícias e grupos de extermínio. É pública a relação dos Bolsonaro com Adriano Nóbrega, que chefiou o grupo criminoso conhecido como Escritório do Crime, responsável pelo assassinato da vereadora Marielle Franco.
4 – Os cheques de Michelle Bolsonaro
De 2011 a 2016, foram depositados pelo assessor de Flávio Bolsonaro e amigo pessoal de Jair, 27 cheques, com valores cheios, múltiplos de 1000 na conta da primeira-dama. Também houve repasses do mesmo Fabrício para outra pessoa diretamente ligada ao presidente Bolsonaro e 1.512 repasses feitos por Queiroz para a loja de chocolates de Flávio Bolsonaro.
5 – Esconderijo para Queiroz
Queiroz foi preso em 18 de junho de 2020, em um sítio em Atibaia (SP), propriedade do advogado do presidente e de seu filho Flávio, Frederick Wassef. O Ministério Público do Rio de Janeiro apontou indícios da participação da família do presidente na manobra para esconder Queiroz.
6 – Ministro e o contrabando de madeira ilegal
O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles foi um dos alvos da operação Akuanduba da Polícia Federal, que apura suspeita de facilitação à exportação ilegal de madeira do Brasil para os Estados Unidos e Europa.
7 – Vacinas
Um representante de uma vendedora de vacinas afirmou ter recebido pedido de propina de US$ 1 por dose da AstraZeneca em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. O pedido teria partido de Roberto Dias, diretor do Ministério da Saúde. Um dos mais graves escândalos de corrupção de Bolsonaro.
8 – Propina com pastores
O ex-ministro Milton Ribeiro foi exonerado do cargo em 28 de março, uma semana após a revelação de uma gravação na qual ele afirma que repassava verbas do ministério para prefeituras indicadas por dois pastores, a pedido do presidente Jair Bolsonaro. Com acesso e influência, os pastores negociavam o pagamento de propinas (até em barras de ouro e contratos de compra de Bíblia!) com prefeitos em troca de facilitação no acesso às verbas federais.
9 – Interferências na Polícia Federal
Na fatídica reunião ministerial ocorrida em abril de 2020, Bolsonaro confessou interferência na PF e intenção de “proteger a família”. A interferência também travou investigações sobre as rachadinhas de Flávio.
10 – Equipamentos agrícolas superfaturados
O orçamento secreto bilionário de Bolsonaro bancou trator superfaturado em troca de apoio no Congresso. Parlamentares do Centrão destinaram mais de R$ 271 milhões para compras de tratores a preços infladíssimos. Em alguns casos, o superfaturamento chegou a 259%.
11 – Contratos com o governo federal
À frente da Secretaria de Comunicação desde abril de 2019, Fabio Wajngarten é o principal sócio da FW Comunicação e Marketing, que mantém contratos com ao menos cinco empresas que recebem do governo, entre elas a Band e a Record, cujas participações na verba publicitária da Secom vêm crescendo.
12 – Ônibus escolares com sobrepreço
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) autorizou a licitação bilionária para a compra de ônibus escolares com preços inflados. Indicados por Valdemar da Costa Neto e Ciro Nogueira (presidente do PL, partido de Jair Bolsonaro, e ministro da Casa Civil, respectivamente), os diretores aceitaram pagar até R$ 480 mil por cada ônibus que deveria custar no máximo R$ 270,6 mil. O preço total pulou de R$ 1,3 bi para 2,04 bi, um aumento de até 55% ou R$ 732 milhões, segundo noticiou o Estadão.
13 – Bolsolão do lixo
Estatais controladas por apadrinhados do Centrão licitaram 1.048 caminhões de lixo — um aumento de 500%. Dos R$ 381 milhões destinados para isso, há suspeita de superfaturamento em R$ 109 milhões.
14 – Orçamento Secreto
Bolsonaro atuou com o Congresso na concepção do orçamento secreto, o mais escandaloso caso de corrupção da história do país. As digitais do presidente são visíveis desde a gestão do orçamento secreto.
15 – Sigilos de 100 anos
A lista de informações protegidas por decretos de sigilo presidenciais só aumenta, e vai de reuniões com pastores corruptos a processos que investigam o assassinato de um homem por policiais rodoviários federais, passando pelo cartão de vacina e pelos cartões corporativos do presidente.
16 – Mansão do Flávio Bolsonaro
Flávio Bolsonaro ainda não deu explicações plausíveis para a compra de uma mansão no valor de R$ 5,97 milhões, em um bairro nobre de Brasília, com o salário de um senador, em torno de R$ 25 mil líquido.
17 – 51 imóveis em dinheiro vivo
A família Bolsonaro também deve explicações sobre os 51 imóveis pagos totalmente ou parcialmente em dinheiro vivo ao longo de 30 anos. Em valores corrigidos pela inflação, foram gastos R$ 25,6 milhões na compra desses imóveis.