A Comissão Especial de Desportos, Paradesportos e Lazer realizou, na manhã desta quarta-feira (8), uma audiência pública sobre Políticas de Incentivo à Prática de Esportes nas Praias da Bahia. O presidente do colegiado, deputado Bobô (PC do B), também proponente do evento, convidou à mesa Luana Aguiar, representante do futevôlei feminino, e Susi Docio, da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb).
Bobô iniciou os trabalhos destacando que, embora não estivesse representada, a prefeitura de Salvador também havia sido convidada ao debate através da Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre). Ele disse que a prática desportiva nas praias é ainda muito pouco explorada no Estado, com a maior costa do Brasil, e sobretudo na capital baiana, que tem uma grande orla, porém, segundo ele, com muito pouca infraestrutura para práticas desportivas.
“Falar da questão desenvolvimento econômico do nosso Estado, da nossa capital, utilizando as nossas praias, é um tema que merece esse debate. É muito difícil fazer uma atividade aqui nas nossas praias. Tudo é caro, até a licença para fazer esporte é caríssima. A gente não compreende o porquê dessa dificuldade de poder utilizar as nossas praias”, declarou o parlamentar.
Segundo ele, a Prefeitura de Salvador pouco faz para dinamizar o esporte na sua orla. “A gente tem um litoral imenso, praias maravilhosas, mas só para o turismo. É um desperdício desse potencial”, disse.
De acordo com Bobô, outras capitais nordestinas têm melhor aproveitamento de suas orlas marítimas. “À noite, ninguém consegue sequer passar pela orla de Salvador, por causa da escuridão, pela insegurança. A gente dá um pulo aqui em Aracaju, em Maceió, e vê o quão são bem tratadas as praias e o quanto pulsa a vida ali, até de madrugada, com bares e restaurantes funcionando e com as pessoas praticando atividades esportivas que lhes trazem energia positiva, saúde mental e física. Precisamos superar essas dificuldades, especialmente, em Salvador e algumas cidades da Região Metropolitana. (Precisamos) Utilizar melhor essas praias e não somente para o turismo”.
Bobo defendeu que a prática esportiva nas praias é importante para a economia. “Se a gente pudesse ter uma estrutura mínima para ter as atividades esportivas funcionando e as federações utilizando esses espaços, nós teríamos um vetor econômico de desenvolvimento muito forte. Não estou só me referindo a Salvador, mas às praias da Bahia inteira, porém especialmente à capital. Em Salvador, não funciona praticamente nada nas praias, a não ser o lazer e de uma forma ainda precária. As pessoas preferem ir para o interior da Bahia ou para praias da região metropolitana de Salvador, menos para as praias da capital”, lamentou.
Na sequência, foi convidada a falar Luana Aguiar, representante do futevôlei feminino na Bahia e uma das organizadoras do campeonato feminino FutWoman. Ela demonstrou a força da categoria, que tem realizado campeonatos com 120 participantes. O desejo é que o grupo alcance o status de federação, para poder dialogar e ter projetos apoiados pelo governo. Para ela, a Federação Baiana de Futevôlei tem uma atenção muito maior para os atletas masculinos, com premiações diferenciadas nos campeonatos e outros favorecimentos. “Existe sim a necessidade de uma federação feminina”, afirmou.
A representante da Sudesb, Susi Docio, explicou que o órgão público tem auxiliado as representações das atividades esportivas e que, atualmente, o estado já possui 44 federações legalizadas e que ideia é ampliar esse número. Disse que o estado tem o papel de apoiar as atividades esportivas, mas que é preciso que os municípios se mobilizem e indiquem os projetos para que as atividades possam ser apoiadas. Disse ainda que é preciso que as federações se mobilizem e também fomentem as atividades desportivas no interior do estado, não somente na capital, pois têm essa abrangência institucional.
“Ao longo do tempo, estamos transformando essa realidade. Precisamos fazer com que todos os esportes encontrem a paridade”, disse Susi Docio, citando em seguida atividades esportivas federalizadas que utilizam a praia, ou a faixa de acesso dela, e têm atividades apoiadas pelo Estado, a exemplo do beach tennis, que atualmente está associada à federação de tênis, do beach soccer, futevôlei, remo, surf, triathlon e da natação aberta. “Todas essas federações possuem seus campeonatos, e seus esportes são apoiados”, completou.
Susi disse que, no caso de Salvador, há dificuldade de realizar alguns campeonatos, por conta do alto custo no pagamento da faixa de areia. “A gente acaba perdendo eventos grandes para Maceió, Fortaleza… O valor do metro quadrado da praia é alto. Às vezes, conseguimos transpor essa condição, mas com um custo sempre maior”, disse, reiterando que trazer um evento esportivo para a cidade movimenta a economia. “Para o Estado, é positivo, pois gera lucro, renda e emprego. É uma cadeia produtiva”, concluiu.
A reunião contou com a participação de diversos representantes e praticantes de esportes de praia e outras modalidades, como windsurf, altinha, futevôlei, handebol e frescobol.