O anúncio da isenção do Imposto de Renda (IR) para contribuintes que recebem até R$5 mil mensais gerou forte reação no mercado financeiro. Após o pronunciamento do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre os ajustes nos tributos fiscais, na noite desta quarta-feira (27), o dólar disparou, superando os R$5,90. Especialistas afirmam que o movimento reflete a resistência dos grandes grupos econômicos à proposta do governo.
Para Augusto Vasconcelos, presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia (SBBA) e vereador de Salvador (PCdoB), a reação do mercado é uma demonstração clara de “chantagem” para que o ajuste fiscal recaia exclusivamente sobre as camadas mais pobres da população. O sindicalista, que já havia defendido mais justiça tributária por meio de taxação das grandes fortunas, destacou que, apesar de ainda serem insuficientes, a reforma do imposto de renda anunciada pelo governo representa um avanço.
“Percebam como houve uma ‘gritaria’ geral do mercado financeiro que não admite que o ajuste fiscal possa recair sobre suas contas. As propostas anunciadas pelo Governo, ao nosso ver, são insuficientes e lamentamos a questão sobre a política de salário mínimo, sendo necessário um debate dentro do Governo em relação a este tema. No entanto, a Faria Lima esperava um ajuste fiscal só sobre os mais pobres e, quando se anunciam algumas medidas, ainda que insuficientes, vê-se a ‘gritaria’ geral do mercado especulativo. Os privilegiados querem manter seus interesses e nós não podemos aceitar.”, afirmou Augusto.
Em rede nacional, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também apresentou o pacote de cortes de gastos do Governo Federal, aguardado pelos agentes do mercado financeiro desde o fim das eleições municipais. A ampliação da faixa de isenção do IR deve custar cerca de R$35 bilhões anuais. Para compensar essas perdas, o governo propôs aumentar a tributação sobre os contribuintes que recebem rendimentos acima de R$50 mil mensais.
“É necessário ter uma reforma do Imposto de Renda, garantindo o princípio da capacidade contributiva. Os ricos no Brasil, percentualmente, pagam muito poucos tributos. Em contrapartida, os mais pobres e a classe média acabam sendo penalizados, com uma tributação excessiva, principalmente sobre o consumo. Vemos com bons olhos essas iniciativas, vamos aguardar o encaminhamento do projeto e, durante a tramitação no Congresso Nacional, vamos batalhar para que haja uma correção mais ampla da tabela do Imposto de Renda, no intuito de garantir, pelo menos, as reposições das perdas inflacionárias que a classe trabalhadora sofreu ao longo dos períodos em que não houve essa correção.”, ressaltou Vasconcelos.
Recentemente, Augusto se posicionou contra a postura do mercado financeiro em relação aos cortes de investimentos públicos, especialmente aqueles relacionados aos direitos sociais, considerando “inaceitável” a elevação das taxas de juros promovidas pelo Banco Central. O parlamentar reforçou que o movimento sindical continuará atuante, acompanhando as propostas e lutando para que a especulação financeira não prejudique a classe trabalhadora.