O processo para tornar a Noite da Beleza Negra um bem cultural imaterial da Bahia foi autorizado no último sábado (13), quando aconteceu a 43ª edição do evento, na sede do Ilê Aiyê, no bairro do Curuzu, em Salvador. Na noite que abriu as celebrações oficiais de 50 anos do bloco afro, Larissa Valéria Sá Sacramento foi consagrada “Deusa do Ébano” de 2024.
A autorização para que a Noite da Beleza Negra se torne patrimônio foi feita através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), órgão vinculado à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA), em parceria com Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi).
Para a titular da Sepromi, Ângela Guimarães, esse é um processo merecido, tendo em vista o poder da “ancestralidade e ousadia” do Ilê em criar uma noite de exaltação à mulher preta. “O Ilê é este grande referencial de bloco afro para o mundo. Podemos defini-lo com duas palavras: ancestralidade e ousadia. Porque foi ousado colocar a presença negra num Carnaval que era completamente embranquecido, foi ousado denunciar o racismo num contexto onde a gente vivia a ditadura militar, e é ousado permanecer existindo ao longo de cinco décadas, formando gerações”, declarou a titular da Sepromi, Ângela Guimarães.
O evento também contou com a participação do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues. “Esse concurso traz a elevação da estima das mulheres negras, não apenas pela exaltação da beleza, mas também pela inteligência e cultura ancestral, força e sensibilidade”, disse o governador, acrescentando que patrimonializar a festa é um reconhecimento do Estado, “é uma dívida social com esta instituição pioneira”, declarou o governador Jerônimo Rodrigues, no evento, parabenizando o Ilê e as 15 finalistas, em especial às três primeiras e à campeã, a Deusa do Ébano.
Porta-voz do Ilê Aiyê no Carnaval do ano em que é vitoriosa, a Deusa do Ébano ainda acompanha o bloco em shows no Brasil e fora, até o próximo Carnaval. Para eleger a campeão, os jurados levam em conta estética, dança e conhecimento sobre ancestralidade negra. No segundo e terceiro lugar ficaram Lorena Xavier Silveira Bispo e Caroline Xavier de Almeida, respectivamente.