Notícia

Aladilce Souza critica terceirizações no SUS e alerta sobre riscos à saúde pública

23 outubro, 2024

No programa da TV247 a vereadora eleita cita os exemplos de contaminações em transplantes e cirurgias oculares

O crescimento da terceirização em procedimentos próprios do SUS, por estados e municípios, foi classificado pela vereadora eleita Aladilce Souza (PCdoB) como “uma tragédia”. Comentarista fixa do programa Giro das Onze, da TV247, às terças-feiras, comandado pela jornalista baiana Camila França, ela citou como exemplos, na edição de hoje (22), os dois casos recentes de contaminação de pacientes no Rio de Janeiro, por HIV em transplantes de órgãos, e em Belém durante mutirão de cirurgias oftalmológicas. No primeiro caso, seis transplantados testaram positivo para HIV, todos com órgãos testados pelo laboratório PCS Lab Saleme;  e em Belém, de 40 operados, 22 foram contaminados e cinco perderam o globo ocular.

“O Ministério diz que os protocolos de terceirização são rigorosos, mas será que os controles sobre o cumprimento desses protocolos estão sendo observados? A lógica do setor privado é o lucro, é do mercado. A lógica do setor público em saúde é da garantia do direito social à saúde, do direito à vida. Então, é outra lógica. O setor privado, quando ele é contratado, ele vai fazer tudo para reduzir os custos, para poder auferir mais lucro. Então, a vida e o direito social, aqui, passam a ter menos importância do que o lucro. Reduzir custos significa, por exemplo, botar qualquer resultado para um exame”, alertou Aladilce, que é defensora intransigente do SUS.

Complementar

Eleita para o quinto mandato na Câmara de Salvador, ela, que é professora de enfermagem da UFBA e dirigente do Sindsaúde-BA, chamou atenção para o risco dessa “privatização acelerada, até em áreas preponderantes da prestação da saúde”, colocar em descrédito todo o sistema. “Nós temos um sistema único de saúde fantástico. Incluindo o sistema de transplante que é o primeiro do mundo, a área de terapia renal substitutiva, os tratamentos oncológicos, vacinação, nós somos campeões do mundo. E isso sob o controle do público. A nossa Constituição permite a atuação do setor privado na saúde, mas ela tem que ser complementar. E o que está acontecendo é que está uma flexibilização exacerbada, que está desfigurando o SUS”, ressaltou.

Nos dois escândalos que ganharam repercussão nacional, segundo observou Aladilce, as pessoas foram contaminadas não pelas doenças para as quais procuraram atendimento no SUS, “mas a partir de uma ação administrativa, da imperícia de uma entidade privada que foi contratada com dispensa de licitação”. E comparou: “Eu fui servidora pública da área da saúde durante um tempo, e minha preocupação maior, meu objetivo maior, como todos os agentes públicos, era atender ao público, prestar um serviço de qualidade ao público, os profissionais de saúde são assim, e não prestar assistência buscando reduzir os custos para poder sobrar algum dinheiro para botar no bolso, no caixa”.

Além de Aladilce Souza participaram do programa Giro das Onze, com a jornalista Camila França, o jurista Marcelo Uchôa e o advogado Arnóbio Rocha. O segundo turno das eleições em São Paulo e Camaçari também esteve em pauta. A vereadora eleita de Salvador, colega de movimento estudantil do ex-prefeito e candidato das esquerdas em Camaçari, Luiz Caetano, manifestou confiança na vitória do petista. Ela esteve no município na semana passada, participando do ato político com o presidente Lula em apoio a Caetano, considerado a maior manifestação política da história de Camaçari.

 

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