Só na atual gestão foram extintos mais de 130 roteiros, quase 350 em 10 anos
Apesar da verdadeira revolução que o metrô provocou na mobilidade em Salvador, o transporte coletivo continua sendo uma das grandes queixas da população. E nas andanças pela cidade, em campanha pelo quinto mandato de vereadora, Aladilce Souza (PCdoB) observa que “a extinção de linhas de ônibus tem revoltado os usuários, sobretudo os idosos, os acompanhantes de pessoas com deficiência e os moradores de bairros periféricos, mais prejudicados pela retirada de mais de 130 linhas, só na atual gestão”. Somadas às extintas pelo ex-prefeito ACM Neto, “para abafar o impacto positivo da implantação do metrô pelo governo estadual”, foram quase 350 linhas extintas.
“Isso é um absurdo e precisamos lutar na Câmara Municipal pelo retorno de muitas dessas linhas, pois os usuários do transporte coletivo que não se adaptaram ao metrô ou que não moram em bairros atendidos pelo metrô, precisam ser atendidos em suas necessidades de deslocamento pela cidade. O que a prefeitura fez foi uma crueldade, tanto o anterior quanto o atual gestor só pensam em viabiliza o BRT, para fazer frente ao metrô”, protestou Aladilce.
Malabarismo
Em um giro por terminais e pontos de ônibus, nessa quarta-feira (18), ouvindo usuários e trabalhadores, Aladilce confirmou que muitas pessoas, sobretudo idosos e mulheres com filhos com deficiência, resistem a utilizar o sistema metroviário com o argumento de que precisam andar muito, atravessar passarelas, fazer integração, e por isso lamentam tanto a extinção das linhas de ônibus diretas entre os bairros.
“O metrô cumpre um papel importantíssimo de desafogar o tráfego, de agilizar os deslocamentos, mas isso não pode representar a extinção de linhas. Os modais precisam ser complementares e não excludentes”, enfatizou.
Como exemplo de transtorno provocado pela extinção de muitas linhas, Aladilce ouviu o desabafo de uma moradora da Praia do Flamengo, acostumada a pegar o ônibus em frente ao trabalho, na Rua Chile. “Agora eu tenho que andar até a Lapa ou Estação Campo da Pólvora, trechos perigosos, ou esperar carona de colegas, chamar carro por aplicativo…para o metrô. E em Mussurunga tenho que esperar outro ônibus para o Flamengo, que às vezes fica preso em engarrafamento na Paralela. Mesmo que seja mais rápido, termina sendo muito cansativo”, revelou a passageira, que preferiu não se identificar por trabalhar em órgão público. Ela contou, também, que um vizinho deixou de trabalhar (tinha uma barraca no Mercado Modelo) por ter mais de 70 anos e ter mobilidade reduzida, em função da obesidade: “Ele não conseguiu fazer esse malabarismo para vir e voltar do trabalho”.
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Assessoria de Imprensa: Mônica Bichara
Fotos: Filipe Roseira