A capital baiana, Salvador, foi sede, neste final de semana, do 6º Congresso Nacional da União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro). Nos dias 8, 9 e 10 de dezembro, o evento reuniu mais de 500 pessoas, de 17 estados, para fomentar a discussão sobre um novo projeto para o Brasil, colocando em pauta a representatividade do povo negro e a necessidade de políticas públicas mais efetivas no combate ao racismo, tanto no cenário nacional quanto internacional.
Na ocasião também foi eleita a nova direção que irá coordenar a Unegro pelo próximo Quadriênio. Estarão à frente o ex-presidente da Unegro-SP, Julião Vieira; da presidenta da Unegro-BA e vice-presidenta do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Marina Duarte; e do pedagogo, professor da Universidade do Estado do Pará e um dos fundadores da Unegro no estado, Vanderlei Negritude. O colegiado representa a integração da população negra de diferentes territórios unidos na luta pela superação do racismo. Nele, temos a representação do Sul/Sudeste, Nordeste e da Amazônia brasileira.
Para Marina, a Unegro “deu um salto” ao alcançar essa quantidade de pessoas com pauta na luta antirracista. “A gente conseguiu formar grupos de trabalho que deram um recado do que queremos para esse novo projeto de Brasil, nessa retomada de políticas públicas que atingem diretamente a nossa população negra”, afirmou uma das novas dirigentes da Unegro Nacional.
Vanderlei também reforça a importância do encontro e reitera que o congresso mostrou a organização da UNEGRO em todo território nacional, dando visibilidade ao plano de luta que garanta um novo projeto de desenvolvimento para o Brasil. “Retorno ao meu estado do Pará com energia renovada e disposição para combater o racismo no Brasil”. O discurso também foi corroborado por Julião, que destacou o trabalho por políticas públicas e pela promoção da igualdade racial para pessoas negras.
O Congresso
O encontro aconteceu no Hotel Real Classic Bahia, na Pituba, com abertura, ato político e cultural na noite da sexta (8). Na ocasião, a deputada estadual da Bahia e secretária nacional de Combate ao Racismo do PCdoB, Olívia Santana, fez a conferência de abertura. “Precisamos construir um novo projeto nacional de desenvolvimento antirracista, feminista, que seja a cara do povo brasileiro”, destacou a parlamentar.
Ex-presidente da Unegro e atual secretária de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (Sepromi), Ângela Guimarães, destacou a organização da União de Negros e Negras no combate ao racismo no país. “A gente precisa sim, se organizar. O projeto da Unegro e da luta antirracista no novo projeto de Brasil é a reconstrução desse país. E a reconstrução desse país não pode ser sem nós, negras e negros e as mulheres negras nos espaços de poder”, afirmou.
O agora ex-presidente Nacional da Unegro, Edson França, também expressou a importância do Congresso como um meio de fortalecer a comunidade negra para enfrentar os desafios persistentes na busca pela igualdade racial, especialmente nos espaços de poder. “O ano que vem é um ano de eleição, é um ano de muito debate no país, é um ano que a gente vai discutir o Brasil a partir das bases. Vereador, prefeito, são as bases. Instituição à base da institucionalidade nacional. Nós vamos estar discutindo isso, vamos estar apresentando nossa plataforma, vamos estar influenciando as candidaturas, influenciando as plataformas eleitorais, o debate político e ajudando a fazer crescer, fazer crescer o antirracismo no Brasil”, diz.
Além dos citados, também estiveram presente parlamentares, como a deputada federal Alice Portugal, a vereadora de Lauro de Freitas/BA, Luciana Tavares; a vereadora de Campina Grande/PB, Jô Oliveira; Gerson Pinheiro, secretário estadual de Igualdade Racial do Maranhão; representantes de movimentos sociais, como Caio Botelho, do Comitê Palestina e Gilberto Leal, da Coordenação Nacional de Entidades Negra (CONEN), Andrey Lemos, fundador da UNALGBT e representantes dos ministérios da Saúde, Direitos Humanos e Igualdade Racial.